Man! I Feel Like a Woman.

 

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#pracegover Mulher mergulhada numa banheira de flores com as pernas para fora.

We Heart It | Reprodução

 

Sempre fui amante da dança. Comecei me apaixonando pelo ballet que, por sinal, é a primeira atividade que pensam em colocar uma menina. Cresci dançando, aprendendo jazz, samba, bolero, forró… E nunca foi estranho aos olhos de ninguém. Muito pelo contrário, me chamavam de bailarina (e ainda me chamam). Bom, daí eu me mudei. Não apenas de cidade, mas amadurecimento e mente, e resolvi aprender novas danças: dança do ventre e Stiletto.

O estranhamento começou. Entre olhares pervertidos de caras que descobriram que eu praticava essas danças e outros olhares desaprovadores, eu me descobri capaz de ser sensual. Logo eu, a menina que se acha sem graça. Descobri que talvez eu não seja tão sem sal assim, mas ainda restavam aqueles olhares…. Por que devo reprimir minha sensualidade que tanto demorei para descobrir pela opinião alheia?

“Ah, claro que pode ser sensual, só não precisa ser vulgar. ” Oi?! Ouvi muito isso por diferentes pessoas de diferentes faixas etárias e realidades sociais. Daí, fui atrás da minha sensualidade “não-vulgar”. Quis modelar algum ensaio sensual e encontrei expressões de espanto e desconforto, quis e quero praticar pole dance e o mesmo aconteceu, até sugeri ir a um sex shop com uma amiga e me olharam atravessado. Eu estava sendo sexy ou vulgar? Qual o limite? Espera aí, existe mesmo esse limite entre o sexy e o vulgar?

-Essa música é perfeitaaaaaaa-

 

Pois bem, devo alertá-los da verdade nua e crua (literalmente): não existe sensualidade sem “vulgaridade”. Nascemos vulgares, nos reproduzimos com vulgaridade, nos descobrimos pela vulgaridade e isso é lindo. E não, “vulgar” não é palavrão! É apenas a apreciação da beleza natural humana, o corpo como corpo em toda sua perfeita personalidade única. E sim, não importa se essa apreciação vem do corpo nu, do short curto ou do decote cavado. E, por favor, não confundam vulgaridade/sensualidade com objetificação. Apreciar não é encarar, subjulgar e muito menos ver a sensualidade feminina como objeto de possessão.

Claro, dá para ser vulgar em alguns locais legitimados… Academia, balada, cama. Ah! E entenda como vulgar uma roupa curta ou que mostre muito do corpo em geral, não importa se é sua barriga, suas pernas, seus seios… “Afinal é óbvio que você só pode estar querendo sexo ou ser alvo fácil para os outros.” Aham, sei, senta lá Cláudia.

Enfim, ainda é muito difícil para mim falar disso. Não descobri completamente a minha sensualidade, aliás ainda me pego duvidando dela algumas vezes. Infelizmente fomos acostumadas a pautar nossa sensualidade na opinião dos outros e se separar desse pensamento é difícil e doloroso. De qualquer maneira, precisamos dessa consciência de que a nossa vulgaridade é bela, íntima e legítima, mesmo que demore um pouco para absorver isso completamente.

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